domingo, fevereiro 04, 2007

Retalhinhos de Vida

Sustento uma sensação estranha. Vasculho, reviro gavetas, bolso de calças e bolsas velhas, cd’s, filmes, maçãs, potes de mel e...
Caixinhas de laços vermelhos!!!
Ei, tu! Tu mesmo. Dá pra me devolver a vontade de dançar no meio da chuva com a maior despreocupação do mundo? Dá pra, de novo, me fazer dormir três horas por dia e acordar com um sorriso gigante numa disposição invejada? Dá pra trazer meus sonhos coloquiais de volta junto com teus sonhos em sentido estrito pra vê se dá de reuni tanta gente da família aqui? Dá pra me deixar idiota novamente a ponto de assistir pseudo-comédias-estúpido-romântico-hollywoodianas e acreditar que sou uma dessas adolescentes que acabam indo viver suas vidinhas, totalmente felizes e satisfeitas, medíocres e pra sempre?
Será que bem aí no teu fundinho tu não encontras e, se não for dar trabalho, me devolves a parte do meu coração mordida, mastigada e cuspida? Vai, vai que eu sei que ela ta contigo, afinal, ele tava tão inteiro antes de chegares que nem permiti que alguém chegasse perto. Abri uma exceçãozinha e olha só no que deu! Tens certeza de que não lembras de me anestesiares covardemente com tanto carinho pra demorar a voltar à realidade e sentir dor? É, podes ter levado por engano mesmo. Um brinquedinho que deve ter engalhado na tua roupa e grudado em ti igual carrapato. Mas ele ta aí, sim! Tão pequeninho e indefeso. Cheio de retalhos. Não vê que assim eu não agüento?
Nem lembro quem falou, mas eu sou a prova viva daquele velho pensamento que diz que, quando a gente nasce, já começa a morrer. E, eu, to sucumbindo. Desde que as primeiras borboletinhas pousaram na minha barriga eu descuidei da minha alma. Entreguei-a pro mundo e deixei os estranhos tomarem conta. De repente, percebi o erro, ou acerto, de confiar demais no que senti. Cada um foi levando uma parte e nem se importou como eu ficaria se meu coração morresse. O pior é que ele já ultrapassou o limite de tamanho pra tanta emoção. Tô em estado de alerta e preciso de um transplante. Mas, não. Não quero o coração nem os sentimentos dos outros. Fui sempre tão feliz com o meu próprio amor que, longe de ser amor-próprio, é absurdamente generoso e exagerado e, ainda, acompanhou o meu ritmo de vida intensa, bombeando paixão intensa em ritmos descompassados sem precisar de desfibrilador. Não, não quero minha vida de outro jeito. Tô bem assim e, quer saber? Vou buscar cada partezinha dele e fazer remendos. Se der certo ou não, eu ainda vou deixar me arrancarem mais pedacinhos, porque, a anestesia é a melhor parte de tudo e compensa todos os riscos.
É assim. Eu vou continuar morrendo de amores por ai, sem lágrimas e lamentações. A dor é intensa e eu nem sinto. Que venha depois. Mas, só depois: preciso muito desfrutar do meu momento “dopping” primeiro. O depois do depois já nem me importa. Afinal, minha vida sem emoções gigantes não tem sentido algum. E... morrer não dói!

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