quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Dos Pseudos Encontros

Olho pro lado. Procuro em cantos, bares, turmas. Não, não és tu. São apenas espasmos de loucura daqueles que já conheces. Eu sei que não estás aqui, eu sei da impossibilidade do acaso nosso, eu sei da tua vontade de subir um pouquinho de estado, eu sei que teu canto agora é outro. Mas eu ainda tenho ilusões, sabe. Daquelas que não querias que eu tivesse, mas tenho.

Eu vou te procurando e confundindo pernas longas com braços longos. Eu procuro demais e, bem no fundinho, eu ainda acredito naquela tal citação de que quem procura acha. E eu nunca tive tanta vontade de achar. Nem quando eu esqueci o lugar da chave; nem quando perdi o brinco preferido da minha mãe; nem quando meu cachorro fugiu, talvez pelo mesmo motivo que tu. Talvez pelo fato de eu te querer tanto que nunca quis tanto na minha vida. Foi tanto querer que eu me engasguei com o medo da rejeição. Foi uma coisa doida e eu também nunca quis tanto não sentir isso. Não sentir tudo isso. Essa sucessão de sentimentos que me diminui. Que me faz inválida e me incita a pôr tudo fora.

Ah... Se soubesses o quão fácil é te confundir com outras pessoas. O quão fácil é tentar me apaixonar à primeira vista pensando que és tu com todo aquele carinho de sempre. Me apaixonar à primeira vista com a esperança de ter sempre aquele nosso primeiro beijo. Mas o gosto nunca é o mesmo. Eles não são tu e minha entrega nunca foi completa. Nem quando quis muito, nem quando a paixão perdeu o juízo.

Eu jogo fora esses tais. Eu sei que te perdi por conta dessa minha mania megalomaníaca de te querer inteiro, mas também sei que perco todas as outras coisas pela mesma mania. No mínimo eu perdi um último beijo, porque o último mesmo foi com vontade demais e eu ainda achava que era o primeiro.

Eu achei que tudo era cedo pra terminar e tu achavas que era cedo pra começar. Eu achei que era cedo pra começar a fazer minhas esquisitices bobas e, dessa única vez, concordasses comigo me censurando. E eu fiz a maior de todas as esquisitices que alguém poderia imaginar, esquisitices com um certo consentimento teu que eu não suportava. Era um não suportar insuportavelmente encorajador. Um não suportar que me fez sair de mim e esquecer de mim. Um não suportar tão grande que me fez muda. Me fez perder a vontade de negar pro que eu não queria e aceitei tudo de uma vez. Aceitei esse turbilhão de mundos e acontecimentos num só segundo. Provei incansáveis gostos e prazeres, incontáveis festas, incomensuráveis amizades, inesquecíveis momentos. Tudo foi bom demais, e sempre é.

Eu não perdi a vontade de viver só porque não ganhei mais potes de mel que me faziam doce todas as manhãs. Eu só gostaria que estivesses junto. Eu queria, entre tantas gargalhadas, provocar a tua.

É simples, assim. Não te procuro por dores ou carências, mas por simples explosões de alegria que seriam mais alegres se estivesses perto. Que seriam mais aproveitadas se eu não confundisse olhos e alturas máximas. Que seriam muito mais reais que “pseudos” e muito mais verdadeiras que qualquer outro radical grego que signifique falso. Eu cansei de te pseudo-encontrar nas minhas imaginações.

1 Comentários:

Às julho 19, 2007 12:22 PM , Anonymous Anônimo disse...

MUITO BOM!

 

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