Alguma coisa acontece no meu coração
É, alguma acontece.
Não é novidade pra ninguém minha vontade de voltar atrás, vontade de não errar mais, vontade de chutar tudo que houver pela frente, vontade de indagar tudo, vontade do novo. E também é de conhecimento geral que eu não espero nada, nem engulo, nem calo minha rouquidão pro que me intimida.
Ando fazendo diferenças por aí, eu sei. Eu sei que meu jeito apaixonado por tudo incomoda muita gente. Amando e odiando sempre. O meio termo me enoja!
Amando História, amando política, amando flores, amando coca-light, amando filmes de madrugada, amando o amor e o inexplicável.
Frequentemente procuro motivos pra cada amor e acabo desistindo. Sempre lembro que não quero saber de causas e agentes. Chega de procurar ensejo em tudo: a razão é certa demais, e o que é certo é vazio e angustiante. E eu odeio! Odeio junto com a saudade, com o previsível, com o abandono, com a ignorância, com a indiferença, com os padrões, com as regras, com o não ter.
Há coisas que não me importo de não ter, mas algumas me fazem uma falta absurda, que me arranca toda a vontade de negar. São subjetivos os valores, mas é a minha saudade mais pura: os meus amigos, os meus pais, o meu irmão, o meu coelho azul, o amor que dediquei a quem não devia. É a saudade ingênua de uma adulta que se nega a crescer. É a saudade chorosa da menina manhosa que perdeu o doce preferido. É a saudade que estraga tudo, e se responsabiliza por nada.
Sei lá o que quero agora. Fazendo jus à menininha insistente, que todo mundo já conhece, ainda não desisti das bonecas coloridas, das canetas cheirosas, dos papeis de carta, dos ursinhos na estante, da Noviça Rebelde, da mochila da carochinha, das trancinhas, do príncipe encantado. Se bem que meu príncipe eu já desisti de imaginar. Cada hora ele vem de um jeito e eu permito ser enfeitiçada. O problema depois é que ele se torna um bruxo malvado ou um sapo asqueroso. Tudo bem, a busca sem critérios continua. Não ligo se ele for baixinho ou não abrir a porta do carro pra mim, nem se ele não escuta chico ou gosta de comédia, muito menos se ronca, se gosta de madrugadas, se usa Mont Blanc, se gosta de cabernet’s ou odeia melancia. Quero mesmo é que me conquiste, me faça sentir amada, transforme minha loucura em realidade, cuide de mim e seja lá deveras o avesso do avesso do avesso do avesso. É, não precisa ser São Paulo pra eu me incomodar com a deselegância discreta de tuas meninas.
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